Uma metáfora comumente ouvida por mães sobrecarregadas é de que elas devem, assim como ditam as regras de segurança em voos de avião, colocar a máscara de oxigênio em si mesmas antes de colocarem-na nas crianças. A frase costuma se referir à importância das mães em cuidarem de si mesmas, em vez de só priorizarem as crianças.

Para a pesquisadora Suniya Luthar, porém, essa metáfora tem uma falha: o que as mães precisam mesmo é serem cuidadas por outras pessoas, mais do que apenas tirar momentos para cuidarem de si mesmas, argumenta.

“Não se trata de autocuidado, mas sim de cuidado que venha dos outros”, diz Luthar, que é professora emérita da Faculdade de Professores da Universidade de Columbia (EUA) e pesquisadora de resiliência emocional.

“Quando usam a metáfora da máscara de oxigênio, eu digo que não se trata de colocar a própria máscara de oxigênio antes de colocar a dos filhos. Mas sim ter alguém perto que possa colocar a sua máscara para você. Porque nós, mães, também muitas vezes estamos sem ar. Eu certamente estive nos últimos dois anos (da pandemia de covid-19), e muitas outras mulheres estiveram, porque foi um período muito traumático”, explica ela em entrevista à BBC News Brasil.

Primeiro, o autocuidado acaba virando uma “tarefa a mais a ser cumprida” pela mãe. “Ouvi de uma professora: ‘se mais uma pessoa me disser que preciso cuidar de mim mesma e me reerguer, vou perder a cabeça, porque estou tão estressada, tão abalada pelo luto e pelo medo (na pandemia), que não quero que me digam para fazer mais isso'”, conta Luthar.

“Como vou praticar o autocuidado se mal consigo terminar tudo o que tenho que fazer no dia, com tantas obrigações, tendo que cuidar de todas as outras pessoas?”, prossegue.

O segundo problema, afirma a acadêmica, é que o autocuidado, por mais relevante que seja, não leva em conta uma necessidade do ser humano: o apoio emocional e incondicional de outros seres humanos.

Fonte: Bbc